FELIZ 2010

FELIZ  2010

domingo, 3 de janeiro de 2010

Aqueduto da Amoreira - em Elvas



*******************
Fotos de 2008
********************
AQUEDUTO DA AMOREIRA
*
Em 1498, a única fonte de abastecimento de água potável, na então Vila de Elvas, era o “Poço de Alcalá”, junto da Porta do bispo, na segunda muralha árabe. Quando este começou a perde-la, por forma alarmante, a inquietação das autoridades administrativas foi enorme, já que seria extremamente difícil trazer a Elvas a água de qualquer das nascentes que a circundavam, pelo grande desnível entre a povoação e os terrenos onde elas desabrochavam.


O assunto foi levado às Cortes de Évora, nesse mesmo ano, e o Rei D. Manuel, compreendendo a dramática situação, autorizou um imposto que ficou a chamar-se “Real d’água” e que consistia no pagamento de um real a mais do que o seu custo, em cada arrátel de carne e de peixe que se comesse em Elvas e em cada quartilho de vinho que se bebesse, para que com essa verba se concertasse o poço.

Verificada a inutilidade dos esforços que se fizeram nesse sentido, essa geração de “gigantes” não hesitou em aceitar a ideia de trazer a Elvas a água do grande manancial da Amoreira. Este situava-se a cerca de 8 Km de distância! O mesmo seria dizer que essa geração sabia, ao preparar-se para a obra, que nunca poderia beneficiar dela.

A sua construção decorreu desde 1529, até à data da sua inauguração (simultânea com a Fonte da Misericórdia) em 23 de Junho de 1622. Delineado e dirigido apenas por portugueses (os arquitectos da Casa Real: Francisco de Arruda, Afonso Álvares e Diogo Marques) e erigido apenas por Elvenses, é obra ímpar no seu género, em dimensões, grandiosidade, beleza e elegância.

A sua extensão, desde a nascente (Fonte da Amoreira, na Serra do Bispo) até à Fonte da Misericórdia, onde pela primeira vez correu água do Aqueduto, é de 7.790 metros, e a sua altura, nos pontos mais importantes.

Em que as arcadas se sobrepõem em quatro andares, é de 31 metros.

Embrenha-se em galerias subterrâneas, vem à superfície, ao nível do terreno, para subir depois a grande altura, na majestade da sua arcadaria.

Só depois desta longa e penosa caminhada que faz, apesar de tudo em requebros donairosos – George Landmand atribue as suas linhas quebradas à necessidade que o seu arquitecto teve de o proteger da forçado vento – é que ele pode cumprir a obra de misericórdia de dar de beber a quem tem sede, a que tantos Elvenses abnegadamente se entregaram durante seis gerações sucessivas.

Dos maiores da península e dos mais belos da Europa, como é justamente considerado, tem sido motivo de grandes nomes da literatura e da arte (portugueses e estrangeiros) se lhe refiram nos termos mais admiráveis ou o registem em fotografias ou apontamentos. E este monumento, que é das construções nacionais mais arrojadas, - de tal grandiosidade que, os que menosprezam, injustamente, a capacidade artística e realizadora dos portugueses, o têm atribuído aos romanos ou aos árabes – continua, ao fim de todos estes anos, a cumprir a sua missão de levar à Cidade o precioso líquido.

Sem comentários:

Enviar um comentário