FELIZ 2010

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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Aqueduto da Amoreira...



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Em 1498, a única fonte de abastecimento de água potável, na então Vila de Elvas, era o “Poço de Alcalá”, junto da Porta no Bispo, na segunda muralha árabe. Quando este começou a perdê-la, por forma alarmante, a inquietação das autoridades administrativas foi enorme, já que seria extremamente difícil trazer a Elvas a água de qualquer das nascentes que a circundavam, pelo grande desnível entre a povoação e os terrenos onde elas desabrochavam.


O assunto foi levado às Cortes de Évora, nesse mesmo ano, e o Rei D. Manuel, compreendendo a dramática situação, autorizou um imposto que ficou a chamar-se “Real d’Água”, e que consistia no pagamento de um real a mais do que o seu custo em cada arrátel de carne e de peixe que se comesse em Elvas e em cada quartilho de vinho que se bebesse, para que com essa verba se consertasse o poço.

Verificada a inutilidade dos esforços que se fizeram nesse sentido, essa geração de “gigantes” não hesitou em aceitar a ideia de trazer a Elvas a água do grande manancial da Amoreira. Este situava-se a cerca de 8Kms de distância! O mesmo seria dizer que essa geração sabia, ao preparar-se para a obra, que nunca poderia dela beneficiar.

A sua construção decorreu desde 1529 até à data da sua inauguração (simultânea com a Fonte da Misericórdia) em 23 de Junho de 1622. Delineado e dirigido apenas por portugueses – os arquitectos da Casa Real Francisco de Arruda, Afonso Álvares e Diogo Marques – e erigido apenas por elvenses, é uma obra ímpar no seu género em dimensões, grandiosidade, beleza e elegância.

A sua extensão, desde a nascente até à Fonte da Misericórdia é de 7790 metros; a sua altura, nos pontos mais importantes, em que as arcadas se sobrepõem em quatro andares, é de 31 metros.

Embrenha-se em galerias subterrâneas, vem à superfície, ao nível do terreno, para subir depois a grande altura na majestade da sua arcadaria. Só depois desta longa e penosa caminhada que faz, apesar de tudo em requebros donairosos (George Landmand atribui as suas linhas quebradas à necessidade que o seu arquitecto teve de o proteger da força do vento) é que ele pode cumprir a obra de misericórdia de “dar de beber a quem tem sede”, a que tantos elvenses abnegadamente se entregaram durante seis gerações sucessivas.

Dos maiores da península e dos mais belos da Europa, como é justamente considerado, tem sido motivo de que grandes nomes da literatura e da arte (portugueses e estrangeiros) se lhe refiram nos termos mais admiráveis ou o registem em fotografias ou apontamentos.

E este monumento, que é das construções nacionais mais arrojadas, de tal grandiosidade que, os que injustamente menosprezam a capacidade artística e realizadora dos portugueses o têm atribuído aos romanos ou aos árabes, continua, ao fim de todos estes anos a cumprir a sua missão de levar à cidade o precioso líquido.

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