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Antiga vila e praça-forte, hoje completamente abandonada, constituindo uma insignificante aldeia do concelho do Alandroal, do qual dista 18Km. (Feira de S. Lourenço, a 10 de Agosto).
A sua fundação e origem perde-se numa série de lendas e tradições, qual delas a mais fantasiosa e menos verosímil, atribuindo-a uns aos Galo-celtas e outros aos Romanos. Em 1776 foi encontrada na pov. Uma lápide com uma inscrição latina dos tempos da ocupação. Os Árabes chamaram-lhe “Chelmena” e a tradição sustenta que em tempo de Júlio César, no ano 44 a. C., os Romanos a cercaram de muralhas.
Foi D. Afonso Henriques quem a conquistou aos Sarracenos em 1167, sendo o castelo doado por D.Sancho I a D. Gonçalo Viegas, filho do grande Egas Moniz. Em 1242 passou outra vez ao poder dos Mouros, conquistando-a D. Paio Peres Correia. Muralhas e castelo foram reedificados. Por D. Dinis em 1312, ano em que também lhe foi dado o primeiro foral, sendo o segundo em data de 1512, concedido por D. Manuel. As muralhas tinham 17 torres, uma das quais, a de menagem, atingia a altura de 140 palmos. Ainda no princípio do séc. XVIII estavam regularmente conservadas, assim como a fortificação feita no tempo de D. João IV.
Em Juromenha se realizam os duplos casamentos de D. Afonso IV de Portugal e Afonso XI de Castela com Beatriz de Castela e Maria de Portugal, filha do vencedor do Salado e ainda o de D. Pedro I com D. Constança. Estas alianças realengas, a explosão dos armazéns de pólvora ocorrida no dia 19 de Janeiro de 1659, em que pareceu toda a guarda que ali se aquartelava, composta só de estudantes de Évora, capitaneados pelo Padre Francisco Soares, e um ou outro episódio guerreiro das campanhas da Restauração são os factos mais importantes da história desta abandonada povoação raiana.
Juromenha actualmente é uma ruina. Os restos das muralhas caem aos bocados, as casas onde se abriga a população civil estão, a maioria delas, desabitadas. As sezões, que constituem ali uma endemia mortífera, afugentam os habitantes, e quando algum viajante ali vai tem de prevenir-se com quinino. Há um ar desolado nas poucas ruas do povoado. Apesar da sua situação invejável a cavaleiro do Guadiana, com um vasto panorama desdobrado pela ondulação larga dos campos plantados de soverais e azinhais bastos, apesar do pitoresco da vista para além do rio, onde Vila Real, aldeia de Olivença, alveja entre hortas e montados, Juromenha entristece. A evocação das suas passadas grandezas não é visão alegre dentro do casario desmantelado que a compõe.
Falta de água embora rica de trigo e de madeiras de queima, pois lá diz o ditado
Juromenha, Juromenha
Boa de trigo e melhor de lenha,
cercada de campos produtivos,
a povoação, em si, dá uma ideia
confrangedora de pobreza.
Monumentos arquitectónicos não tem.
O que é realmente belo em Juromenha é o panorama do alto do castelo, onde a visão do Alentejo, doirado de searas e verdejante de chaparrais, se mostra em toda a sua grandeza.
sábado, 12 de dezembro de 2009
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